quarta-feira, 30 de março de 2016

FIM

"[...] é preciso insistir para que o amor se gaste 
e o amor acabe."
CAROLA SAAVEDRA (O inventário das coisas ausentes)

terça-feira, 15 de março de 2016

DAS ANDORINHAS

De súbito elas passam em grande número
Sob olhares curiosos cheios de interrogações.

E foi na passagem nervosa das andorinhas
Que entendi a minha própria passagem.
Não com revoada e festa coletiva
Mas com um gosto de bílis na alma.

Voltar para o sítio de onde saíra
Nem sempre é encontrar seu canto.
Deveria, pois, buscar meu canto
Em outros espaços que não andei.
Ou em alguma voz que nunca ouvi.

Canto de língua estranha

Que possa calar a vida que não se supõe vivida.

AUSÊNCIA

“Eu te amo, diz o texto. Talvez entre o eu te amo e o amor propriamente dito haja um espaço intransponível. Talvez o tempo que passa. Mas não apenas. Talvez um inevitável desencontro. Essa incoerência. Leio o texto como se fosse parte de um romance. Talvez seja isso, e quando o amor acaba resta apenas ficção” 
(O INVENTÁRIO DAS COISAS AUSENTES) CAROLA SAAVEDRA