sexta-feira, 6 de outubro de 2017

FUGA

Vamos fugir? - Dissemo-nos um dia.
E houve tanto que empreendeu fuga:
Os sonhos, viagens, estradas, poesia...
Só o que precisava não fugiu:
Você, eu, nós.

SUAS ASAS

Foi a sua rebeldia disfarçada 
que me enfeitiçou.
Não os doces olhos profundos.
Não a melancolia envolvente na sua voz.
Não sua tristeza, nem as poucas alegrias.

Nada foi tão mortal
Quanto meu olhar sobre suas asas.

Descobri então que 
"suas asas, amor,
quem deu não fui eu".
Você já chegara pronta para voar.

Secretamente carregou, desde muito,
estampada no peito, não nas costas,
a liberdade que pretendia.
Essa que não tem forma, nem nome, 
nem asas atrás.

Suas asas estão na frente,
porque precisa saber sempre 
que se vir no espelho,
o quanto é livre.

...E porque traz 
tatuadas no peito, asas,
voa. E voou. E voará sempre...