domingo, 16 de agosto de 2020

VOYEUR

 Hoje pela manhã, durante o banho, senti um par de olhos me observando.

Assustei-me de início, mas logo pensei: "Um voyeur...", e continuei sossegada o delicioso afazer. 

Eu percebia os meneios de cabeça daquele curioso.

Lá de cima, seus olhos estavam petrificados em cada movimento meu. 

Minha nudez revelava, com força, sua indiscrição.

Entretanto, pela pequena janela, eu também não o perdia de vista. 

As garras, fixas em uma madeira do outro telhado, frequentemente mudavam de posição.

E assim continuamos nos olhando...

Depois de alguns minutos nesse doce segredo, alimentada sua curiosidade, resolveu partir.

Já havia visto o que queria.

Bateu suas pequenas asas e se foi livremente procurar outros corpos para observar.