sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

God is money!


         Havia uma rua imensa cheia de todo tipo de comércio, onde turistas e filhos daquela terra caminhavam o dia todo e a noite quase inteira.
        Lugar de compras. De vendas. Cartões de crédito e dinheiros vários nas bolsas caminhantes. Restaurantes, cafés, cinemas, teatros, casas de show. Luxúria, gula, inveja entre tantos outros pecados se instalavam naquela rua cheia de seres humanos. Comércio, comércio, comércio e... uma igreja. Aquele templo perto de tantos outros meios de consumo... Talvez ali estivesse fincado para chamar à luz (obscura) o povo que se desfazia em pecados, ou por ser mais um canal onde se faz tanto dinheiro.

          O templo da Igreja Universal (bem universal) do Reino de Deus gerada para vender . Revolta nauseante! Nada contra religiões. Nada mesmo, pura indignação, pois aquela casa ficava aberta o dia todo para cercar turistas dispostos a pagar pela fé, porém depois da meia-noite, quando o comércio fechava, vinham as crianças e adultos de rua fuçar nos lixos, aí então não era mais interessante para o templo. Portas cerradas. Resgatar ou ajudar esse povo não dá dinheiro. Quem quer investir nisso?
          Fez-me recordar as peripécias bélicas dos Estados Unidos, que não lutam em  paises que não dão retorno financeiro.
          Não acredito que naquela igreja haja uma horda de maus espíritos, mas de seres humanos sem consciência, despreocupados com o lado humanitário, visando dinheiro tão somente.
            Céus à venda sempre pela igreja. Solidariedade? Deixe-a aos anônimos.


Ps: Experiência na rua Lavalle em Buenos Aires.


          
     

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

A viagem do mendigo


     
                      Era um ser quase invisível, não fosse o cheiro putrefato que exalava.
         Ali estava entre os passageiros daquele trem um mendigo sujo, fétido, incomodando pelo odor aos que o rodeavam.
Sentado perto da porta, a qual devia conhecer bem, pois todas as estações por que o trem passava ficavam do lado oposto ao seu assento no chão.
         Teria passado despercebido por mim, caso não seguisse a viagem devorando um livro. E durante todo o tempo, esboçava leves sorrisos ou fazia caras de indignado conforme lia.
         Observá-lo e refletir tornou-se meu passatempo naquela longa viagem de trem. Eu, que não sou mendiga no sentido literal da palavra, não carregava um livro naquele momento, mas ele, a sobra da humanidade servia-se das delícias da leitura. Homem que não sabe perder tempo da vida.
         Quando a longa cobra de ferro estacionou no terminal ferroviário, fiquei esperando que os outros descessem para ver o que faria o mendigo. Mas ele ficou ali estático, onde estava sentado, como se nada a sua volta alterasse sua vida.
           Então, solícita, cheguei-me a ele, atrapalhando seu mergulho no livro: "Percebeu que acabou a viagem?"
           O homem levantou a cabeça, me fitou profundamente com um leve sorriso e respondeu-me: "Minha viagem é aqui e nunca termina."

         

domingo, 24 de janeiro de 2010

Cansaço


Por onde têm ficado meus rastros?
Em que ponte encontrarei o outro lado da verdade?
Até quando as águas correrão para o mesmo lado?
O tédio rói a alma como o rato rói a corda amarrada ao homem condenado à morte.
Sem pressa, sem esperanças....

Anjos

"Ela acreditava em anjos e, porque acreditava, eles existiam."  
Clarice Lispector

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Noite Urbana




Quando a noite se fecha para os boêmios, abrem-se os sacos de lixo para os homens e cachorros de rua.
Para esses, inicia-se "la noche."

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Off

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Flores



Tijolos embotados nos olhos.
Flores coloridas nas mãos
E a alma nutrida de cansaço.

Sem rumo




Triste a caminhada por uma estrada que não se sabe onde vai dar...

Às vezes vocês não se sentem um tanto indefinidos?




Definir-se deve ser a mais pesada das incumbências.

Tédio


Tanto faz mesmo... 
Sem ele fica tudo a mesma coisa... (rsss)

Cruéis Notas




Invejo cada nota que escapa de um instrumento.
Poderiam ter sido minhas, mas não foram.
E as sinto vindas de outros que nem sabem da minha dor.
Foram cruéis comigo as notas musicais.
Cada uma delas com sua cor, seu som, seu cheiro, sua suavidade, os sonhos que trazem...
Queria-as minhas, mas nunca serão.
Resta-me beber silenciosamente das gotículas que espalham por outras mãos que não as que me pertencem.
E ainda as amo...

Som


Ficamos esperando o som que nunca foi tocado.
A música tornou-se silêncio desde o nascimento da tristeza.
E aguardamos todos os dias que o som se faça presente em nossos ouvidos.
Mas o que ouvir quando se está surdo para os sonhos?

Voo?


Mas "voo" perdeu o encanto do acento.
Parece mais dois olhos a me vigiarem incansavelmente.
Cortam-me as asas, portanto.

Desassossego


Quem poderia falar por mim sobre as sombras?
Os dias parecem longos demais 
e a escuridão da noite é meu único alento.
Não me chegam palavras à boca, 
porém os pensamentos são turbilhão.
Sem sossego, sem coragem, sem palavras essa mente...

Sol


Vi o sol quando você chegou
Não gosto do sol.
Prefiro a lua que esconde seu rosto cheio de escárnio.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Carpe Diem, pois...


"Viver é desenhar sem borracha." (Millor Fernande"Viver é desenhar sem borracha." (Millor Fernandes)s)
"Viver é escrever sem borracha." Millor Fernandes

Mau de nós



"Vosso mau de vós mesmos vos faz do isolamento um cativeiro." Nietzsche

Silêncio



Silêncio...
Silencioso grito das palavras não proferidas.
Árduo caminho das opacas sombras humanas.
Sombras...Sombras...Sombras....
Desumanas

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Vergonha na cara


http://www.youtube.com/watch?v=U6SFqhYVmaE&feature=popular

       Nesse vídeo podemos ver o jornalista Boris Casoy menosprezando a profissão de gari.
       Isso é uma vergonha!!! Quem diria que um bordão tão cheio de crítica cairia como uma luva  na atitude do seu criador?
      Vergonha mesmo é você criticar certas atitudes e cometer uma que se assemelhe aos que inferiorizam o cidadão brasileiro todos os dias. 
       Boris foi infeliz no seu comentário cheio de preconceito e falta de escrúpulos.
      A mídia, que nos traz todos os dias  informações da classe política,  também  será desacreditada com suas boas intenções.
      Sabemos agora que falta VERGONHA na cara de muitos... Em quem nos resta acreditar então?
       Ali Babá que nos salve!!!

         
      

             

Novo Ano


   Às vezes parece-me que cada ano que chega é só mais uma conta no calendário depois de Cristo.
   Acontecem sempre as mesmas tragédias, mesmas festas de virada, mesmos sonhos, mesma gente precisada de vida digna.
   Tragédias? Culpa da natureza. Não somos nós quem estamos contra ela. "É essa 'natureza pérfida' que nos massacra todo ano" só porque não conseguimos devolver-lhe o que nos dá.

   De sonhos, sinto-me enjoada quando vejo tantas pessoas ludibriando seu próximo.
   Festas de virada só não conseguem ser mais tediosas por que acontecem apenas uma vez por ano.
   Gente precisada? Para sempre ouviremos, e nossos ouvidos já se acostumaram, por isso nos passa como apenas mais um fato corriqueiro.
   Há que se abrir o peito para uma nova temporada de anos novos que virão aí, e de novo vivermos as triviais novelas da vida que chegarão. Com o agravante de que cada dia que passa têm um final pior do que o de ontem.