sábado, 27 de julho de 2019

NORMOSE

Há uma prostração generalizada nos últimos tempos,
Como já houve em tantas outras épocas.
Entretanto, agora parecemos termo-nos perdido
No entre-lugar da vida.

Não se pode confiar mais.
A justiça mordeu seu próprio pé.

Como viver em um canto
No qual nenhuma lei vá inocentá-lo?
Quando os chefes da justiça
Envolvidos estão em escândalos de injustiça,
A quem recorrer?

Acabaram os sonhos.
Perdeu-se a esperança.
Tudo parece muito surreal,
Mas não...
É fato.

E vivemos hoje uma espécie de torpor.
Embebidos de ópio do engodo.
Sem questionamentos,
Sem dúvidas,
Sem olhos.
Ser normal é isso,
Cegar para o real.



NADA

E havia uma criança perdida
Cá dentro lutando para fugir.
Sem sonhos nem metas.

Criança crescida..
Sonhou. Sonhou em que medida?
Setas muitas. 
Nenhuma direção acertada.

Foi-se o dia longo.
Acendeu-se a madrugada.

Os pensamentos pestilentos persistiram.
Não há nada. Nada.

quinta-feira, 4 de julho de 2019

QUIMERA

A medida da vida é o tempo.
Quando se finda, finda-se.
Vida, vida, insana vida,
Em que manicômio me abandonaste?
O centauro me aguarda encilhado,
Unicórnios sorriem com minha chegada.

Os que me rodeiam pisam a lua,
Dormitam no paraíso,
Na encruzilhada do delírio.
Vivem altas mitologias
Como as do sino da catedral.
Quiçá tudo isso não fosse assim
Tão mau...

PARAFRASEANDO BRECHT

PRAZERES

O primeiro raio de sol rompendo a manhã
A flor seca no meio do livro antigo
Olhares cúmplices
Primavera, o colorido das flores
A poesia
O cão
O silêncio da madrugada
Banho, roupa limpa
Música antiga
Livrar-se do sapato apertado
Enxergar
Ler, escrever
Viajar, regar as plantas
Ser solidário.