terça-feira, 24 de novembro de 2015

NÓ CEGO - SUBMUNDO DA HISTÓRIA

Poderia ser um só correndo em meu encalço.
Poderia estar sozinha para decidir o que fazer sozinha... 
Fugir seria ótimo!
Gritar que não queria viver aquilo seria perfeito. Desistir.
Mas não. Não pude. Não era só um correndo atrás de mim.
Havia um batalhão de homens fardados, com caras pintadas de guerra
E bem armados.
Correr só de que jeito, se atado a meu braço por uma espécie de algema
Havia alguém que nunca vi antes e que dependia de mim também para se salvar?
- Corre!!! - era o que eu podia gritar, num português maldito - Corra!!! não cabia
naquele matagal e situação. Então consegui me livrar dele e acordei com os tubos
de soro na mão desvairada. Acabara de arrancar a algema que não existia 
naquele braço cansado de dor... E consegui dar fim à angústia do meu companheiro
que tinha medo de viver...


OPISANIE SUIWATA

“A gente escreve para não esquecer.
Ou para fingir que não esqueceu. 
[...] Ou para inventar o que esqueceu.
Talvez a gente só escreva sobre o que nunca existiu.” 
VERONICA STIGGER

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

RECLUSA

E foi tão pouco tempo que se passou cá fora para os outros, 
Mas foram incontáveis os dias para meu corpo cansado lá dentro.
Até que não pudemos mais nos situar nas páginas de calendários
E começamos a pensar que alguém estaria cansado da vida.
Entretanto havia algo de pestilento no ar
e de falas desconexas
 dentro daquele lugar sombrio
que trazia o pio da coruja e respiração artificial de um ser que nunca existiu lá...

Blues da Piedade

"Vamos pedir piedade, Senhor, Piedade, para essa gente careta e covarde..." É tudo o que venho pedir. Ah, e falta também coragem... Peço essa coragem aí para meus ossos contritos e fragilizados...