quarta-feira, 28 de abril de 2010

Mendiga

"Como é que eu nunca descobri que sou também mendiga? Nunca pedi esmola, mas mendigo
o amor dos que me rodeiam, mendigo pelo amor de Deus, a aprovação dos que me amam
naquilo que faço, e minha roupa de alma está
maltrapilha... " Clarice Lispector



Triste estar maltrapilha de alma...

terça-feira, 27 de abril de 2010

Eu, enigma de mim...






"Volto-me então para o meu rico nada interior.
E grito: eu sinto, eu sofro, eu me alegro,
eu me comovo. Só o meu enigma me interessa." 
Clarice Lispector

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Triste constatação

"Fui até onde pude, mas como é que não compreendi que aquilo que não alcanço em mim já são os outros?"  
Clarice Lispector

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Iguais

"Todos nós nascemos originais e morremos cópias."    Carl Jung

Tristes cópias perambulantes nos tornamos...

"Exército de um homem só."

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Estrangeiro em si

 

 
"Por que todo olhar vizinho é estrangeiro, se já não moro mais em mim?"

E quem é dono de si nesse mundo de ninguém?


"Eu não moro mais em mim...Ponto final"

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Dúvida

Como alimentar essa ilusão de que o mundo pode ser melhor?
Para onde transferir essa falta de fé num futuro promissor?
O que fazer com o que a vida fez de mim?
Nascer de novo talvez fosse a solução...
Mas viver a mesma história me encheria de um tédio já conhecido,
E continuar assim é não-vida.
Morro todo dia então na expectativa de que me vá para sempre,
Sem volta... Sem desculpas....

domingo, 18 de abril de 2010

Perdoando Deus

         "[...]Enquanto eu imaginar que "Deus" é bom só porque eu sou ruim, não estarei amando a nada: será apenas o meu modo de me acusar. Eu, que sem nem ao menos ter me percorrido toda, já escolhi amar o meu contrário, e ao meu contrário quero chamar de Deus. Eu, que jamais me habituarei a mim, estava querendo que o mundo não me escadalizasse. Porque eu, que de mim só consegui foi me submeter a mim mesma, pois sou tão mais inexorável do que eu, eu estava querendo me compensar de mim mesma com uma terra menos violenta que eu. Porque enquanto eu amar a um Deus só porque não me quero, serei um dado marcado, e o jogo de minha vida maior não se fará. Enquanto eu inventar Deus, Ele não existe." 
Clarice Lispector


Quero um Deus meu, aquele que não foi inventado pelos homens na sua triste angústia de ter uma desculpa para o que não consegue entender. Um Deus que não me obrigue a ser boa porque me pune, caso eu não seja. Que me faça sentir a necessidade de ser melhor a cada dia, porque isso é ser HUMANO. Amém.    Roze

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Encontro

                                          Quero encontrar meu canto
                                          Na esquina desse mundo redondo que se chama vida.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Sonhos...

                                                                   E ainda assim sonho... 
                                                                   Sonho como se fosse acontecer daqui a pouco,
                                                                   E sei que pode nunca vir a ser real...

domingo, 11 de abril de 2010

O Pássaro

               Era uma hora da manhã quando ela adentrou a casa do vizinho. Sorrateiramente foi conhecendo o local, onde nunca antes imaginara entrar. Apenas a luz da rua iluminava o quintal, então foi com cuidados tateando para encontrar o motivo de sua invasão. Só silêncio se ouvia sob os ruídos de seus passos.   
              Havia dez dias que essa mulher acordara sob um cantar de pássaro que jamais ouvira antes. Em princípio ficara encantada e foi se acostumando a ouvir pelos dias e noites seguintes o grito da ave que lembrava casa de campo. Deliciou-se fortuitamente por dias, roubando do vizinho esse prazer que só sentem aqueles que têm prazer em se imaginar próximos à natureza.                 
              Agora se via ali, estrangeira, pronta para cometer um crime. Invasão domiciliar. Mas pensava estar cometendo um crime para livrar o vizinho de outro, já que é proibido manter pássaro selvagem em cativeiro, sem devida legalização no órgão de fiscalização. 
             Mas o que a levara a cometer essa sandice, certamente não foi apenas a bondade de libertar um ser da prisão, mas o desejo de tirar do seu vizinho o prazer de possuir algo que ela não poderia.
             Caminhou pelo quintal procurando por uma gaiola ou uma casa de pássaros maior, já que imaginou que esse poderoso cantor deveria ser de grande porte.
            No meio do semibreu, a vizinha criminosa visualizou finalmente algo que poderia ser o procurado que ganharia a liberdade plena de voar. Parou diante daquele objeto grande que parecia uma gaiola, e ouviu então o canto delicioso aos seus ouvidos. Estacou abruptamente ao enxergar em meio à luz da rua, seu vizinho quase desconhecido com um apito que imitava aquele barulho, olhando-a com grandes olhos  de quem pega um marginal em seu delito.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Vida

Nossa vida é estranha!
Tão nossa e tão de ninguém.
É o nada e o tudo...
Um pequenino fio no mundo!