quinta-feira, 30 de novembro de 2023

INEXISTÊNCIA

Oh, deus dos desgraçados ambiciosos

Fazei com que chova para o meu pai.

Mesmo que ele negue o aquecimento.

Ainda que creia que toda essa secura e calor intenso

Sejam tuas palavras apocalípticas se cumprindo na terra.

Embora ele não tenha consciência do mal

Que o ser humano tem causado a si próprio

Chova para ele, por favor...


Perdoe-me o egoísmo de rogar

Apenas pelo pedaço de chão do meu pai.

Mas causa enfado ouvi-lo

Clamando o teu nome o dia inteiro,

Como se fosse de verdade a tua existência.


Onde estás, se não aqui, 

nem nas guerras

que dizimam inocentes?


Na cabecinha branca de meu pai, e só?




ALFORRIA

 Não assumo os pecados

Nem meus nem de ninguém.

Não sou santo

Tampouco canonizado.

Não peco, nunca pequei

Não pecarei.

Pecado é cristão

E não o sou.


Assumo erros.

Erros crassos

Erros tantos

Milhares deles.


Falhas, deslizes, imperfeições

Com todos eu arco.

E pago. 

Sempre paguei. 

Caro!


Culpa? Culpa não.

Maldita culpa cristã...

Dessa não consegui alforria.

21/11/2023