terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Brilhante ideia de Hugo





[...]Em seu programa semanal de rádio e televisão, Chávez disse que ninguém deve mais usar o nome pelo qual a cachoeira é conhecida. "Como podemos aceitar esta ideia de que as cachoeiras foram descobertas por um cara que veio dos Estados Unidos em um avião? Se fizéssemos isso, estaríamos aceitando que ninguém vivia aqui", disse. 
As cachoeiras são um patrimônio mundial da Unesco e foram "descobertas pelo piloto norte-americano Jimmy Angel em 1937. A Salto Angel, disse, "é nossa, e já era muito antes de Angel chegar lá." Segundo o presidente, as cachoeiras devem receber seu nome indígena, no idioma Pemon, Kerepakupai meru, que significa "queda d'água do lugar mais profundo".  (Notícia G1)


             Hugo Chávez não surpreendeu o mundo com a atitude que tomou diante do nome norteamericano da cachoeira venezuelana. É típico dele.
             O polêmico presidente mais uma vez mostrou ao mundo que nem todos os países se ajoelham diante da glória americana.
             Esse fato me fez recordar aquela poesia "NO CAMINHO COM MAIAKÓVSKI". Hugo deve ter lido essa obra de arte do brasileiro Eduardo Alves da Costa, que avisa sobre os perigos de deixarmos entrar em nosso jardim aquele que entra lentamente, tirando uma flor de cada vez.
             Nosso país também carrega nomes de norteamericanos (rio Roosevelt). 
             Por que precisamos de nomes emprestados de "personalidades" que não fizeram parte da história do nosso país, se tantos anônimos há por cá e nunca foram reconhecidos?

             Nós, países da américa latina, somos vistos pelos povos do norte como subproduto da raça humana.
E cabe a nós endeusá-los ainda?
             Entendo e aprovo Hugo. 
             Quando os portugueses aqui desembarcaram, deixaram "nus os índios", como disse Oswald de Andrade, e nomes deram a tudo, como se não houvesse nenhum vivente por essas bandas.
             O problema não está na mudança agora do nome da cachoeira venezuelana. Está lá no princípio, quando os estrangeiros chegaram na américa, tomando posse de algo que já pertencia a seres humanos, que não foram reconhecidos como gente. Os índios. Os donos.
           
           

sábado, 19 de dezembro de 2009

"O Tietê abriu um braço dentro da minha casa."


"O Tietê abriu um braço dentro da minha casa."
Aquela mulher humilde disse na hora trágica em que as águas do rio Tietê invadiam
os cômodos da sua casa.
Como fica bela a poesia na tragédia.
E ela nem sabe que o que fez foi poesia.

O previsível me causa náusea



São as palavras doces que me enojam,
As frases ditas em momentos esperados.
Deixo-as aos que se deliciam com os grandes achados dos dóceis escribas.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

"De perto ninguém é normal..."


...alguns, nem de longe...

"Estamos sós e sem desculpas." Sartre


Merry Christmas!!!


Então é Natal, e o que você fez?
E é sexta-feira. O que eu fiz?
Não há para mim diferença entre o Natal e essa sexta-feira.
Não, não é 13, mas poderia ser... Sem maiores prejuízos.
Insensibilidade? Não.
Nada de ceia natalina em toda minha vida.
Minha família conseguiu ficar unida em todos esses anos, mas sem Natal.
Cresci aprendendo que não existe Papai Noel, 
nem dia exato do nascimento do menino Jesus, 
nem presentes.
O presente sempre foi o dia, o hoje, o agora.
Questão de princípio religioso que hoje não mais existe.

Há um buraco absoluto em mim quanto a essa data festiva.
Como há em todos os outros dias da minha insossa vida.
Parca vida!

Fazendo destinos...




Cada um é responsável pela escolha do seu próprio caminho.

Concerto para o silêncio


quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Desamor


Detesto a resignação porque acho patético viver essa paz...
E sem resignação não se ama plenamente.

Logo, não amo.

Lama






A lama atravessa todo o mar de ideias que me ocorre sempre que penso a VIDA.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Pouca mente


Transporto-me  ao submundo do meu caos.
Ouço todos os sons sepulcros da mente.
Mente insana. Morta mente.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Razão é sempre razão, mas...


##############

 
Quem sou eu nesse abismo cheio de mortais criaturas vazias?

Ser ou não SER


Os poetas só o são porque não encontram razão de SER.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

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Inspiração não vem.
Mente vazia. Reflexo da alma.
Então respira-se, aspira, inspira, suspira e não se deixa nada na tela.
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domingo, 13 de dezembro de 2009

Woolf - Nossos lobos



"A vida não é uma série de faróis simetricamente arrumados; a vida é uma
auréola luminosa, um envelope semi-transparente nos surpreendendo desde o
início da consciência até o final." [ Virginia Woolf ]



  E quando o que nos resta da consciência é pesadelo? E se não se quer mais ter consciência por que não crê mais no mundo? E quando se tem ciência de que não acreditar nos sonhos é morrer a todo segundo? 
E se os segundos são tão longos quando não há anseios pela vida, então as horas, os dias, os meses, o ano se torna algo sem significados. Tudo se transforma num desejo infinito de sair da consciência.
Logo, enche-se de pedras os bolsos, e entra no rio de águas gélidas e sombrias para escapar finalmente da vida.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Sutis diferenças

          Diarista devolve envelope com dinheiro no DF

Ela levaria quatro meses, como diarista, para ganhar os R$ 4,5 mil. O suficiente para um natal gordo, para terminar a cozinha. (Jornal Nacional)

           Creuza ficou famosa por um dia. Caiu nas graças da mídia após ter encontrado R$ 4.500,00 num envelope e telefonado à polícia para informar o ocorrido. Entregou o dinheiro porque sabia não ser seu. Essa senhora humilde aprendeu bem a lição de honestidade na vida, sem ter passado pelos bancos de qualquer universidade. Como poucos, entendeu perfeitamente a parte da ética que explica que o que não lhe pertence, não é seu.
           Numa semana assolada por tantos escândalos na política brasileira, envolvendo altos cargos e dinheiro sujo guardado em cueca, meia, bolsa, bolso e afins, surgiu a mulher desconhecida para dar uma chance aos brasileiros de acreditarem ainda na integridade humana.
           Há sutis diferenças entre esses envolvidos na roubalheira de Brasília e essa professora de ética chamada Creuza.
           Ela só existia até então para sua família, vizinhos e amigos, e por uma bagatela passou à fama momentânea. É filha de classe baixa brasileira, certamente conhecedora das mazelas humanas dos bairros periféricos. Mas amanhã não mais nos lembraremos de dona Creuza, cujo nome pode ter sido a "falha" regionalista de um cartorário que não sabia nem pronunciar, nem escrever Cleuza.
            Eles, os protagonistas da roubalheira brasiliense, existiam para muitos cidadãos, e mais ainda para os que confiaram seus votos aos mesmos. São conhecidos de um número infindável de telespectadores que só os ouviram falar através da tela envidraçada cheia de promessas e mentiras.
            Há alguns anos, um dos nomes envolvidos nesse circo também foi citado em outro picadeiro escandaloso da política. Foi afastado do cargo, mas pôde retornar depois, como de praxe. Por ser ambicioso e por ter eleitores desmemoriados, voltou à vida política para mais uma vez lograr os cidadãos de forma tão vil.
            Esses integrantes da quadrilha de Brasília não aprenderam em lugar nenhum a lição que dona Creuza aprendeu com a vida, lição essa que ensinou a seus filhos, vizinhos e amigos.
            Os homens de gravata podem perder seus cargos hoje, mas passados alguns meses estarão de volta para mais uma vez testarem a confiança de seu fiel eleitorado.
            Dona Creuza continuará lutando pelo pão de cada dia, com sua integridade a toda prova, mas pobre como sempre foi, levando para si o que deveria ser de mais nobre num ser humano. O Ser Humano..
            Eles estarão aí atravancando caminhos, roubando sonhos de jovens que poderão entender que vale mais quem consegue enriquecer por meios ilícitos, do que uma pessoa que age honestamente e segue sua vida na miséria cotidiana.
          Essas sutis diferenças são o que fazem da diarista Creuza Clara da Silva  mais uma anônima do bem, e dos seguidores fiéis de José Roberto Arruda, as conhecidas ervas daninhas dos brasileiros.
           

          
          

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Que tudo Amém


        Manifestantes que pediam o impeachment do governador enfrentaram a polícia militar na praça do Palácio do Buriti. A PM usou bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo e gás de pimenta para dispersar cerca de 2.500 manifestantes. Vários foram presos e alguns ficaram feridos.
(Veja/notícias)

           Cavalos avançam para cima dos manifestantes. Bombas de gás lacrimogênio são lançadas. Balas de borracha ferem pessoas. Homem espancado no meio da rua. Gente gritando. Homens da lei tomados de ira, implacáveis na aplicação do corretivo aos rebeldes que estão ali nas ruas da capital brasileira, atrapalhando o tráfego e o bom andamento da corriqueira vida dos candangos.
           Democracia à parte, Brasília foi o palco de um incidente nojento que me trouxe à memória imagens conhecidas da ditadura militar no Brasil. Foi impossível conter a emoção diante das cenas atuadas pela polícia da cidade, contra uma população que se indigna e se envergonha com os escândalos que vieram à tona nesses últimos dias.
           Pode-se sim roubar, aprendemos. É permitido ludibriar milhões de brasileiros no nosso país e agradecer a deus por isso. Certamente havia muita fé no momento da oração de agradecimento da quadrilha brasiliense. Se levarmos em conta que "terrenos no céu" já foram outrora vendidos pela igreja, por que não agradecermos a deus quando enganamos, roubamos ou tiramos da boca de milhares de cidadãos o pão de cada dia,  melhor saúde, educação, segurança?
           Segurança? Quem a faz? Os rapazes do DEOP's moderno que fizeram a segurança dos mocinhos da oração, no dia 9 de dezembro?
           "Foi perfeito!" disse o comandante. Perfeito para quem? É ditadura?
           Nós, brasileiros, entendemos com a lição desse episódio, que devemos ser um povo passivo, e ficar em silêncio é a nossa obrigação como cidadãos, diante de qualquer situação, podendo ser ela tão injusta tal qual a vimos.
           Chico já havia pedido em canção: "Pai, afasta de mim esse "cale-se"." Era cálice?
           Não importa! Cálice amargo esse, enfrentado pelos cidadãos que lutavam por justiça em Brasília, cujo cale-se encenado pelos policiais silenciaram outros, que talvez tivessem juntando coragem para ir às ruas dar as mãos.
           Resta-nos fazer orações agradecendo pelas desgraças todas que assolam nosso tropical país.          
           Agradeçamos então, mas silenciosos. Amém.
           

         

       

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Busca


             Assim que o dia amanhece, salta-me aos olhos todos os fantasmas do mundo.
             Estou aqui! E agora?
             O que fazer em mais um dia para que não seja como os "ontens", inúteis...?
             Corro para os braços da vida conturbada então.
             E onde está o pedaço de mim que vive? 
             Procuro nos cantos empoeirados do inconsciente, o meu "eu" .
             Não há. 
             Perdi-me na busca incansável de me encontrar.
                                                                                            Roze - 07/09

domingo, 6 de dezembro de 2009

Um Sopro de Vida - Clarice Lispector


[...]O tempo não existe . O que chamamos de tempo é o movimento de evolução das coisas , mas o tempo passa depressa demais e a vida é tão curta . Então - para que eu não seja engolida pela voracidade das horas e pelas novidades que fazem o tempo passar depressa - eu cultivo um certo tédio . Degusto assim cada detestável minuto . E cultivo também o vazio silêncio da eternidade da espécie . Quero viver muitos minutos num só minuto . Quero me multiplicar para poder abranger até áres desérticas que dão a ideia de imobilidade eterna . Na eternidade não existe tempo . Noite e dia são contários porque são o tempo e o tempo não se divide . De agora em diante o tempo vai ser sempre atual . Hoje é hoje .[...]

O último beijo



         Era apenas mais um dia comum como todos aqueles em que o balançar lento das folhas de poucas árvores decorando a alameda, anuncia a rotina.
            Menores infratores se aglomeravam numa avenida para surrupiar dos carros que paravam no farol, pequenos objetos de valor que enxergavam através dos vidros, posteriormente quebrados para o delito.
            A mídia estava ali, escondida para flagrar os meliantes em atividade. Havia ainda policiais disfarçados por toda a rua, aguardando para autuar os bandidos-meninos.
Os homens da autoridade se posicionaram pela rua, alguns como passantes, outros como mendigos parados à espreita, próximos ao local. Tudo perfeito como em um filme policial.
            O telejornal então anunciou a notícia. Descreveu a situação, e eu, telespectadora, fitei a TV por um instante para assistir à cena de ação que viria. O repórter falou sobre a forma abjeta com que os fora-da-lei agiam. E as cenas me faziam ver que realmente a história da humanidade vem mostrando como homens e culturas são capazes de deixar marcas indeléveis para a posteridade.
            Vi o garoto se aproximar do carro. Cinema. Olhou fixamente pelo vidro para reconhecer o objeto que dali a pouco lhe pertenceria, para ser vendido por poucos tostões ou mesmo trocado por uma pedra qualquer na próxima esquina.
            De repente um automóvel logo atrás começou a buzinar, como que avisando o condutor da frente, que esse estava em perigo iminente.
            A criança, que vivia do lado de fora da sociedade, se assustou e disparou numa corrida insana pela calçada para fugir de algo que estava acostumado: das “vítimas”.
            Talvez tenha até passado pela cabeça dele, por um segundo, que poderia ser pego se parasse em algum instante, mas não titubeou quando passou por um mendigo sentado no chão, coberto por um pano sujo, encostado a uma parede. Parou, beijou a cabeça do mendigo, segurando-a com as duas mãos, numa rápida demonstração de sensibilidade. Ele não sabia quem era o miserável da rua. Nunca o tinha visto por aquelas bandas.
Aquela cena de afeto talvez tenha chocado até mesmo o homem que estava ali sentado, naquela condição de mais um verme na sociedade, que por ter uma aparência de sujo e feder tanto quanto outros milhões espalhados pelas ruas, atrapalhava os transeuntes.
            O beijo durou um milésimo de segundo. Provavelmente muito menos que isso, porque não houve comentário do repórter sobre o fato. Ninguém mais viu, pois a corrida desenfreada do menino em fuga pela calçada, nublara qualquer outra atitude que o pequeno pudesse ter.
            Então um clarão urgente brilhou naquela escuridão da noite e da cena. O policial saíra debaixo do traje de mendigo, com que estava disfarçado e mirou as costas do marginal.
            O pequeno corpo caíra em câmera lenta sob meus olhos. Filme.
            Missão cumprida. Bandido morto. Aquele seria mais um número na lista da autoridade brasileira. Menos um a oferecer perigo à justa sociedade.
            E o beijo não fora visto pela TV. Não havia ali motivo algum de comentário. Ele era apenas mais um menino de rua marginal e aquele gesto fora nada. Apenas um simples beijo. O último beijo.

Crônica produzida a partir de uma cena mostrada no jornal da TV. 

sábado, 5 de dezembro de 2009

Folha


Sou a folha "resseca" e inútil
Parada à beira do abismo
De onde emergem todos os monstros
Sem rumo, sem proteção, sem medos, sem sorte.
A folha só.

                                                                                   Roze 

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

A Menina que Roubava Livros




É tão estranho...
Passamos uma vida inteira ao lado dela, 
porém jamais nos acostumamos com a visita da morte!

 "A menina que roubava livros" é uma dica maravilhosa para quem gostaria de vê-la (a morte) de outra maneira.


quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Tristesse

Hoje a morte veio roubar da vida uma doce criatura chamada Fátima.
A morte, amarga, tem o terrível hábito de levar o doce da vida.
Deixará saudade, essa menina cheia de juventude e alegria.
Talvez aquela da foice quisesse a alegria da moça para si.
Ladra covarde!!!
                                                   Roze - 09:55
"Senhoras e senhores
Trago boas novas
Eu vi a cara da morte
E ela estava viva
Eu vi a cara da morte
E ela estava viva - viva!" Cazuza


Que boas novas são essas, Cazuza?    =(

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Eu sou neguinha? - Deliciosamente a voz DA MATA








"Eu era o enigma, uma interrogação
Olha que coisa mais
Que coisa à toa, boa boa boa...

....................................


Era uma mensagem, lia uma mensagem
Parece bobagem, mas não era não
Eu não decifrava, eu não conseguia
Mas aquilo ia e eu ia... 

...................................
Era um gesto hippie, um desenho estranho
Homens trabalhando, pare, contramão
E era uma alegria, era uma esperança
E era dança e dança ou não ou não...

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Eu tava rezando ali, completamente
Um crente, uma lente, era uma visão
Totalmente terceiro sexo
Totalmente terceiro mundo
Terceiro milênio
Carne nua nua nua... 

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Mas e outras coisas via um moço forte
E a mulher macia dentro da escuridão
Via o que é visível, via o que não via
E o que a poesia e a profecia não vem mais vem...

..................................

É o que parecia
que as coisas conversam
Coisas supreendentes
Fatalmente erram, acham solução
E que o mesmo signo que eu tento ler e ser
É apenas o possível ou o impossível
em mim em mil em mil em mil

....................................
E a pergunta vinha : EU SOU NEGUINHA???"

Vazio de nós


       Cheios de vazio todos os dias, procuramos logo uma maneira de preencher o espaço cá dentro com algo que não nos pertence e, que, por consequência não ficará muito tempo.
       Assim se dá no momento exato em que pensamos numa pessoa, mais do que em nós mesmos. Se dá naquele fatídico instante em que acredita-se não conseguir mais caminhar sozinho, e que a única pessoa no mundo capaz de seguir ao seu lado é aquela a quem destilamos todos os nossos venenos de paixão.    Queremos trazê-la para o nosso íntimo, protegê-la de qualquer ameaça, mas não cabe. Dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço. Eventualmente o outro corpo também se esquiva, querendo libertar-se das amarras do sentimento alheio.
       Mas a vida não sabe esperar nada disso. Nem amarras, nem desejo de estar-se , nem escravidão que se queira. Não há segunda chance para ela. A vida não é doce com aquele que a perde um pouquinho todo dia, por não acreditar-se autossuficiente.
       Resta-nos então decifrar o enigma de nós mesmos, e saber que "estamos sós e sem desculpas".
       Dancemos um tango ao estilo Bandeira, portanto.
                                                             Roze - 08:04 h


       
    

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Naufrágio


"Somos o naufrágio silencioso desse sentimento insano a que chamam AMOR."    Roze

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

ALZHEIMER


 
          BUSCO DIARIAMENTE ALGUMA INFORMAÇÃO ÚTIL PARA MIM E PARA ALGUNS MORTAIS QUE ME RODEIAM, PORQUE LI QUE QUEM EXERCITA A MENTE TODO DIA, TEM MENOS RISCO DE SOFRER DE MAL DE ALZHEIMER.
           QUE MEDO TENHO DESSE MOÇO... AH, ESSE ALZHEIMER...
           NÃO GOSTO DELE E NÃO POSSO DEIXAR QUE ME VISITE ALGUM DIA, PORQUE QUERO ESTAR BEM  LÚCIDA QUANDO A MORTE CHEGAR, PARA DAR NA CARA DELA E PERGUNTAR:
           __“SUA FDP, POR QUE DEMOROU TANTO???” 






sábado, 28 de novembro de 2009

Sobre cães


"Os cães são o nosso elo com o Paraíso.  Eles não conhecem a maldade, a inveja ou o descontentamento. Sentar-se com um cão ao pé de uma colina numa linda tarde, é voltar ao Éden onde ficar sem fazer nada não era tédio, era paz."
Milan Kundera.

"Logo é a vida!!!" Tom Jobim

Idade do céu - Paulinho Moska

Não somos mais
Que uma gota de luz
Uma estrela que cai
Uma fagulha tão só
Na idade do céu...
Não somos o
Que queríamos ser
Somos um breve pulsar
Em um silêncio antigo
Com a idade do céu...
Calma!
Tudo está em calma
Deixe que o beijo dure
Deixe que o tempo cure
Deixe que a alma
Tenha a mesma idade
Que a idade do céu...
Não somos mais
Que um punhado de mar
Uma piada de Deus
Um capricho do sol
No jardim do céu...
Não damos pé
Entre tanto tic tac
Entre tanto Big Bang
Somos um grão de sal
No mar do céu...
"Procurei hoje alguma palavra que traduzisse esse marasmo em que se encontra meu ser inteiro.
Não há..."




sexta-feira, 27 de novembro de 2009

terça-feira, 24 de novembro de 2009

SIGNIFICADO



SIGNIFICADO

Eu briguei com Deus. Briguei, e sem remorsos. Minha revolta maior para causar a confusão que se deu, foi o fato de eu não aceitar só nomes. Sempre quis significados. Eventualmente um caso ou outro de falta de significado da “coisa” me causava infinito desejo de não me sustentar mais como “ser”. E assim se deu. Assim será sempre que isto em mim, que chamam de espírito, alma ou... Briguei também. Não entendo o significado desse inimigo.
O confronto, travado no escuro do meu quarto e da minha mente, se deu num momento de insônia profunda. Aquela hora que não se dorme porque os seus fantasmas são muito maiores do que os de todos aqueles que não voltaram da morte ainda.
Fantasmas. Insônia. Medo. Breu. Mente fechada para a vida. Olhos abertos para todos os pesadelos.
Então Ele chegou. Entrou de mansinho no meu quarto escuro, na minha insônia, nos meus fantasmas, no meu medo todo. Mas não na minha mente. Mente fechada para a vida.
“Eu não quero mais você”, me ouvi sussurrando com a certeza de que Ele me era “ouvidos”. O silêncio se fez na minha voz. Um sorriso foi extraído dos lábios cansados de Deus. “O universo jamais me entenderia”, pensei. “Nem eu. Nem Ele.”
O que fizera? A quem ofendera? Por que chegara à condição de réu?
“Não consigo caminhar com o fardo do seu nome sobre meus ombros. Morra em mim, porque o que fui um dia já não rasteja mais por esse corpo tardio.”
Longo e doloroso silêncio...
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De repente um barulho sem som nenhum. E tudo continuou tão calado como antes. Mas no meio do nada que eu era, ouvi algo sussurrado tão próximo ao meu ouvido, que parecia estar dentro da minha mente (ainda) fechada:
“Que bom! Assim sigo melhor. Eu também nunca quis você.”
E fez-se luz, finalmente...

Ah, esse tal de amor...



"AMOR FOI FEITO PARA RIMAR COM DOR,


PODERIA SE CHAMAR AMAZ,


E TÃO SOMENTE RIMAR COM PAZ." 
Roze

O que é a palavra sonho?



“Sonho é uma palavra que só serve para poesia.” Roze

Solte meu cão!!!


     Não consigo entender ainda o que move o ser humano...
     Mas entendo bem o que move os cães. Especialmente um. O meu amigo.
    Afeto, carinho, fidelidade... Fidelidade até que passe uma cadela remexendo na rua e abane o rabo para ele. Então, perde a noção do tempo, espaço,  moralidade, se é possível um cão tê-las.
    Mas quando acaba o encanto pela namorada que ele seguia, quer voltar para casa. Ele quer voltar, mas às vezes não o deixam porque é especial demais para ficar solto por aí, sem donos, sem afeto.
   E mais uma vez foi assim que aconteceu. Meu cão (que me deixa num vazio imenso quando não está) saiu um instante à rua, viu um "rabo canino" (canina) passando e não se aguentou, foi atrás. Perdeu-se. Eu via o tempo todo aqueles olhinhos tristes estampados no meio do pelo branco,  tal qual já vi duas outras vezes. Mas dessa vez foi diferente. Uma boa alma o viu, prendeu, ligou para a rádio local e avisou que havia prendido um cão. O meu. Que estava à espera de um milagre desse.
   Não consigo entender ainda o que move um ser humano que age com tão boa fé no meio de tantos que têm atitudes monstruosas diante da vida, breve vida ...
   Serei eternamente grata àquela mulher que se emocionou ao ver meu encontro com meu amigo, proporcionado por ela. Meus olhos agradecidos devem ter pago a despesa dos três dias que a senhora cuidou dele, pois nada cobrou por isso.
   É possível prender algo para a liberdade? É. Ela o prendeu para que fosse livre hoje comigo. E para salvar a vida de uma pessoa que a mulher nunca havia visto... A minha vida....

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

AULA

Eu o olhava tão fixamente que até ele pensava ser ouvido por mim. O tempo todo o seguia com o olhar, sua boca se mexia numa frenética dança sem pausa, mas eu não ouvia nada.
Viajei por longes lugares. Isso era bom. Nosso cérebro tem o poder de nos levar
a épocas e espaços nunca conhecidos.
De repente ouvi algo sobre gregos e pra lá fui. Como é escuro dentro do cavalo e esses soldados falam coisas que não entendo, num cochiço ininteligível. Dormi e quando acordei, estava sozinha no cavalo e os soldados gritavam lá fora e festejavam alguma vitória. Resolvi sair e, imagine minha surpresa quando pus a cabeça entre as nádegas do cavalo... O que era aquilo?
Eram milhares de palavras pisoteando outras e gritando em várias línguas uma só palavra que parecia ser: freedom, liberté, libertá, liberdade, sabe-se lá....Era algo assim...
Fiquei perplexa quando comecei a ler tudo o que estava no chão: gramática, sintaxe, semântica, morfologia, desinências, significação, base... Tentei descer rápido do cavalo, mas quando iria pisar em terra estava lá: "Preconceito", tentando fugir dos pisoteadores, que até então eu não sabia quem eram.
Com gosto de glória, pulei com os dois pés prendendo-a, e desesperadamente pedia ajuda.
Então as revolucionárias vieram me ajudar. Levantei a cabeça e comecei a ler os nomes das minhas ajudantes:
solidariedade, igualdade, fraternidade, caridade....Tantos "ades", que me deixaram zonza.
           _ Agora façamos uma avaliação! - falou alto aquele homem lá na frente.
Assustei-me quando dei por mim e percebi que nada sabia do que ele havia dito.
Peguei aquela folha em branco e escrevi um pequeno trecho sobre o Cavalo de Tróia.
Na outra aula, meu mestre veio a mim, só a mim, e sussurando, disse-me:
           _ Eu também estive lá!
                                                               Rozenice E. Sanches

sábado, 5 de setembro de 2009

LAPIDAR-SE



         Com o tempo, percebe-se que algumas coisas que pareciam insignificantes, tornam-se essenciais.
         Tenho conhecido o sabor da vida, à medida em que a mesma é devorada ferozmente por seu insensível predador, o tempo.
         E só quando se entende a rapidez com que a vida passa por nós, é que a desejamos mais e melhor, e até vivê-la assim.
         Os sonhos então vão se tornando pequenos, e a efemeridade das coisas nos faz correr contra o mundo e, não raro, contra “Deus”.
         Pior que rebelar-se contra Aquele em quem nos ensinaram a obedecer e amar, é saber que quando chegamos a uma idade terrena avançada, finalmente nos tornamos uma pedra lapidada em sua quase totalidade. Quando parecemos prontos para a vida, de fato, com as qualidades que Ele espera de seus filhos, é tarde. Não mais somos uma jóia pura e eterna. Passamos de pedra a pó novamente. É hora de entregarmo-nos à morte.

CURA

"INCONSCIENTEMENTE TODO SER HUMANO VIVE EM BUSCA DA CURA PARA O MAL DE SI MESMO." Roze

Parodiando

Eu não vi a alegria
Não sei se a alegria existe
A alegria não me importa e nem me diz nada.
A alegria nos consola
De um consolo  mórbido
E insosso.
Não quero a apatia
Dos ridículos momentos do riso.
Prefiro o fecundo tédio
Dos que conheceram
A poesia.
                                             Roze

O inacessível me alenta...

"Só me interessa o inatingível.
O desejo só me vem pelo inalcançável.
O sonho que alimento é o do impossível.
Por isso só."  Roze

^^

"Eu preciso crer na voracidade do meu desejo, porém...
...Cuspo, ébria, sobre a massa esquálida que compõe minhas vontades todas."  Roze

POR QUEM OS SINOS DOBRAM?

Os sinos dobram
Pela noite sangrenta e fria.
Os sinos sangram
Ao dobro de uma vida vazia.
Os sinos cantam
À missa do primeiro dia.
Os sinos avisam
Da paz que virá, tardia.
Os sinos dormem
Pelo cansaço dos bóias-frias.
Os sinos dobram
Pela morte da arte de amar.
Os sinos tendem
A cair como a noite cai no mar.
Os sinos invocam
Ao “Senhor”, hospedado no altar.
Os sinos queimam
Os ouvidos dos que estão a chorar.
Os sinos sentem
A dor, de pela morte, um sino dobrar.

NADA

VALHA-ME, Ó DEUS DOS ATEUS E DESESPERADOS.
FAÇA RENASCER EM SUA FILHA BASTARDA
O DESEJO DE CRER EM ALGO QUE NÃO SEJA O DESAPARECIMENTO DOS SONHOS.
RESSURJA DAS CINZAS, Ó DEUS DOS PECADORES E ÉBRIOS,
RASGUE-SE TODO VÉU QUE OFUSCA NOSSA FACE.
IGUALE-NOS, ÀS COBAIAS, AOS BICHINHOS DE LABORATÓRIO QUE DISSECAMOS
PORQUE É ASSIM QUE SE SENTEM AQUELES QUE NÃO QUEREM MAIS SER NADA.

ARTE VIVA


         Estacou diante do quadro “O GRITO”, de Munch, porque sentia-se diante de um espelho.
         Entrou naquele museu como quem entra em si mesmo. Caminhou sem rumo pelos longos corredores com o olhar perdido, fitando as paredes sem nada ver, pois seus pensamentos se distanciavam dali. Queria não mais pensar. Desejo profundo de matar todos os seus sentidos. Mas diante d’O GRITO parou, ereto. E então num golpe rápido, com a navalha que carregava escondida no bolso do casaco, jogou-se sobre o quadro golpeando-o incessantemente.
         As pessoas se afastaram, assustadas, porém sem perderem de vista aquela cena brutal e insana. Ninguém ousava se aproximar.
         Terminado o serviço, pedaços da tela jogados ao chão, ele, o homem, com uma indescritível satisfação estampada no rosto, sentou-se escorado na parede e levou à boca pedaços da pintura destruída, saboreando-os como quem participa d’a última ceia. E diante da multidão perplexa e dos guardas embasbacados, desferiu um golpe certeiro em sua jugular. Jorrava do pescoço aquele líquido quente e vermelho a metros do seu corpo, colorindo todo o cenário antes tão acinzentado.