terça-feira, 24 de novembro de 2009

SIGNIFICADO



SIGNIFICADO

Eu briguei com Deus. Briguei, e sem remorsos. Minha revolta maior para causar a confusão que se deu, foi o fato de eu não aceitar só nomes. Sempre quis significados. Eventualmente um caso ou outro de falta de significado da “coisa” me causava infinito desejo de não me sustentar mais como “ser”. E assim se deu. Assim será sempre que isto em mim, que chamam de espírito, alma ou... Briguei também. Não entendo o significado desse inimigo.
O confronto, travado no escuro do meu quarto e da minha mente, se deu num momento de insônia profunda. Aquela hora que não se dorme porque os seus fantasmas são muito maiores do que os de todos aqueles que não voltaram da morte ainda.
Fantasmas. Insônia. Medo. Breu. Mente fechada para a vida. Olhos abertos para todos os pesadelos.
Então Ele chegou. Entrou de mansinho no meu quarto escuro, na minha insônia, nos meus fantasmas, no meu medo todo. Mas não na minha mente. Mente fechada para a vida.
“Eu não quero mais você”, me ouvi sussurrando com a certeza de que Ele me era “ouvidos”. O silêncio se fez na minha voz. Um sorriso foi extraído dos lábios cansados de Deus. “O universo jamais me entenderia”, pensei. “Nem eu. Nem Ele.”
O que fizera? A quem ofendera? Por que chegara à condição de réu?
“Não consigo caminhar com o fardo do seu nome sobre meus ombros. Morra em mim, porque o que fui um dia já não rasteja mais por esse corpo tardio.”
Longo e doloroso silêncio...
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De repente um barulho sem som nenhum. E tudo continuou tão calado como antes. Mas no meio do nada que eu era, ouvi algo sussurrado tão próximo ao meu ouvido, que parecia estar dentro da minha mente (ainda) fechada:
“Que bom! Assim sigo melhor. Eu também nunca quis você.”
E fez-se luz, finalmente...

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