quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Que tudo Amém


        Manifestantes que pediam o impeachment do governador enfrentaram a polícia militar na praça do Palácio do Buriti. A PM usou bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo e gás de pimenta para dispersar cerca de 2.500 manifestantes. Vários foram presos e alguns ficaram feridos.
(Veja/notícias)

           Cavalos avançam para cima dos manifestantes. Bombas de gás lacrimogênio são lançadas. Balas de borracha ferem pessoas. Homem espancado no meio da rua. Gente gritando. Homens da lei tomados de ira, implacáveis na aplicação do corretivo aos rebeldes que estão ali nas ruas da capital brasileira, atrapalhando o tráfego e o bom andamento da corriqueira vida dos candangos.
           Democracia à parte, Brasília foi o palco de um incidente nojento que me trouxe à memória imagens conhecidas da ditadura militar no Brasil. Foi impossível conter a emoção diante das cenas atuadas pela polícia da cidade, contra uma população que se indigna e se envergonha com os escândalos que vieram à tona nesses últimos dias.
           Pode-se sim roubar, aprendemos. É permitido ludibriar milhões de brasileiros no nosso país e agradecer a deus por isso. Certamente havia muita fé no momento da oração de agradecimento da quadrilha brasiliense. Se levarmos em conta que "terrenos no céu" já foram outrora vendidos pela igreja, por que não agradecermos a deus quando enganamos, roubamos ou tiramos da boca de milhares de cidadãos o pão de cada dia,  melhor saúde, educação, segurança?
           Segurança? Quem a faz? Os rapazes do DEOP's moderno que fizeram a segurança dos mocinhos da oração, no dia 9 de dezembro?
           "Foi perfeito!" disse o comandante. Perfeito para quem? É ditadura?
           Nós, brasileiros, entendemos com a lição desse episódio, que devemos ser um povo passivo, e ficar em silêncio é a nossa obrigação como cidadãos, diante de qualquer situação, podendo ser ela tão injusta tal qual a vimos.
           Chico já havia pedido em canção: "Pai, afasta de mim esse "cale-se"." Era cálice?
           Não importa! Cálice amargo esse, enfrentado pelos cidadãos que lutavam por justiça em Brasília, cujo cale-se encenado pelos policiais silenciaram outros, que talvez tivessem juntando coragem para ir às ruas dar as mãos.
           Resta-nos fazer orações agradecendo pelas desgraças todas que assolam nosso tropical país.          
           Agradeçamos então, mas silenciosos. Amém.
           

         

       

Nenhum comentário:

Postar um comentário