sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Sutis diferenças

          Diarista devolve envelope com dinheiro no DF

Ela levaria quatro meses, como diarista, para ganhar os R$ 4,5 mil. O suficiente para um natal gordo, para terminar a cozinha. (Jornal Nacional)

           Creuza ficou famosa por um dia. Caiu nas graças da mídia após ter encontrado R$ 4.500,00 num envelope e telefonado à polícia para informar o ocorrido. Entregou o dinheiro porque sabia não ser seu. Essa senhora humilde aprendeu bem a lição de honestidade na vida, sem ter passado pelos bancos de qualquer universidade. Como poucos, entendeu perfeitamente a parte da ética que explica que o que não lhe pertence, não é seu.
           Numa semana assolada por tantos escândalos na política brasileira, envolvendo altos cargos e dinheiro sujo guardado em cueca, meia, bolsa, bolso e afins, surgiu a mulher desconhecida para dar uma chance aos brasileiros de acreditarem ainda na integridade humana.
           Há sutis diferenças entre esses envolvidos na roubalheira de Brasília e essa professora de ética chamada Creuza.
           Ela só existia até então para sua família, vizinhos e amigos, e por uma bagatela passou à fama momentânea. É filha de classe baixa brasileira, certamente conhecedora das mazelas humanas dos bairros periféricos. Mas amanhã não mais nos lembraremos de dona Creuza, cujo nome pode ter sido a "falha" regionalista de um cartorário que não sabia nem pronunciar, nem escrever Cleuza.
            Eles, os protagonistas da roubalheira brasiliense, existiam para muitos cidadãos, e mais ainda para os que confiaram seus votos aos mesmos. São conhecidos de um número infindável de telespectadores que só os ouviram falar através da tela envidraçada cheia de promessas e mentiras.
            Há alguns anos, um dos nomes envolvidos nesse circo também foi citado em outro picadeiro escandaloso da política. Foi afastado do cargo, mas pôde retornar depois, como de praxe. Por ser ambicioso e por ter eleitores desmemoriados, voltou à vida política para mais uma vez lograr os cidadãos de forma tão vil.
            Esses integrantes da quadrilha de Brasília não aprenderam em lugar nenhum a lição que dona Creuza aprendeu com a vida, lição essa que ensinou a seus filhos, vizinhos e amigos.
            Os homens de gravata podem perder seus cargos hoje, mas passados alguns meses estarão de volta para mais uma vez testarem a confiança de seu fiel eleitorado.
            Dona Creuza continuará lutando pelo pão de cada dia, com sua integridade a toda prova, mas pobre como sempre foi, levando para si o que deveria ser de mais nobre num ser humano. O Ser Humano..
            Eles estarão aí atravancando caminhos, roubando sonhos de jovens que poderão entender que vale mais quem consegue enriquecer por meios ilícitos, do que uma pessoa que age honestamente e segue sua vida na miséria cotidiana.
          Essas sutis diferenças são o que fazem da diarista Creuza Clara da Silva  mais uma anônima do bem, e dos seguidores fiéis de José Roberto Arruda, as conhecidas ervas daninhas dos brasileiros.
           

          
          

Um comentário:

  1. ...Você deve rezar pelo bem do patrão e dizer
    que está desempregado...Você merece,você merece...
    Tudo vai bem,tudo vai mal...
    >comportamento geral-Gonzaguinha)

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