segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

PATACHO

Jamais soube por que sobrevivi, até então.
Nunca encontrei uma explicação para tamanha fortuna do destino comigo.
Naquele ano eu conheceria mais um estado no Nordeste. 

Tudo certo para a viagem. Planos aos montes.
Programa a quatro mãos amigas.
Mapa das praias. 
Pés atentos à possibilidade da areia.
Ânsia do cheiro do mar.

Mas naquela manhã tudo cessou por alguns segundos.
Esperança mitigando as mentes companheiras.
Nada de mar. Nenhuma brisa. Sonhos dissipados.

Não seria naquele ano a viagem. Nem no outro.
E eu não entendia a carícia do destino em mim.
Por que a vida me quis por mais tempo?
O que havia para ser feito ainda?
Por que fui poupada?
Jamais saberia, se não tivesse ido àquele lugar.
Finalmente, dois longos anos passados... 

Quando meus olhos pousaram naquele verde,
Ao sentir o cheiro da brisa. O sol.
Areia sob os pés. Os coqueiros. 
Meus olhos descansados na paisagem...
O mar, o sol, a areia, os coqueiros.
Eles de novo e de novo.
E meus olhos e o mar e o sol e a areia e os coqueiros
E os olhos e...

Os olhos assentados ali e a clarividência.
Era só isso: algo no universo me deu a chance.
Eu vivi para ver. Vivi para que meus olhos se deliciassem
Com o espetáculo do mundo:
O paraíso. Eu vi o paraíso.
Agora já posso morrer...

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