quinta-feira, 24 de junho de 2010

E fez-se luz...

"Como tudo, as palavras têm o seus quês, os seus comos e porquês. Algumas, solenes, interpelam-nos com ar pomposo, dando-se importância, como se estivessem destinadas a grandes coisas, e, vai-se ver, não eram mais que uma brisa leve que não conseguiria mover uma vela de moinho, outras, das comuns, das habituais, das de todos os dias, viriam ter, afinal, consequências que ninguém atreveria a prever, não tinham nascido para isso, e contudo abalaram o mundo."
Caim - José Saramago

 
Um dia deus disse: Haja luz! E houve luz.
E moisés: Abra-se o mar! Abriu-se.
Josué: Pare o sol! O sol parou.
Parou? Parar o que está já há tanto tempo estático, e fazer com que o mundo todo acredite no disparate é a arte mais difícil.
Mas tudo o que foi feito com palavras até aqui, certamente foi para o bem. De quem? Se tem alguém muito bem, é  porque há, do outro lado, alguém muito mal.
Mas veio a escuridão. A doce "meiaescuridão" que deve ter vindo quando deus no seu profundo cansaço disse: Apague-se tudo, quero dormir! E apagou-se "quase" tudo, porque ele já havia criado as estrelas e a lua para nos iluminar. Isso não foi escrito em livro algum que pudéssemos acreditar cegamente, mas aqui está agora, e por que não crer nessa versão, se acreditamos em tantos escritos que parecem nos chamar de estúpidos?
Faça-se escuridão novamente, pois. Apague a luz! Quero descansar. Amém.


Nenhum comentário:

Postar um comentário