domingo, 21 de novembro de 2010

Civilização

         "Virá
Impávido que nem muhamed ali
Virá que eu vi
Apaixonadamente como peri
Tranquilo e infalível, como bruce lee 
Foxé do afoxé filhos de gandhi"

         Estava lá sentado na cadeira de rodas um índio idoso. Pelos corredores do hospital era conduzido por outros dois da mesma etnia. Nada naquele dia me tocou tanto quanto a imagem daquele homem, outrora cantado por Gonçalves Dias como O Guerreiro que por nenhum momento se deixava abater, lutando, correndo pelas matas para defender suas terras e sonhos.
         Por um momento nossos olhares se cruzaram, ele me fitou com olhos distantes,  e baixei os meus sem coragem de observá-lo mais, porque me senti envergonhada. Não fosse por essa triste civilização a qual os pusemos, talvez aquele senhor, feito um fantasma na cadeira de rodas, estivesse deitado em sua rede recebendo os cuidados das plantas medicinais que por milênios foram tratados ou até curados de suas moléstias. 
        Quem sabe um dia um índio desça de uma estrela cintilante e faça o redescobrimento do Brasil. Talvez então consigamos ser civilizados de verdade, sem ver ninguém roubado na sua dignidade humana.
          
        

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