sábado, 7 de maio de 2016

PRIMEIRA PESSOA

Restam-me o silêncio e você.
O silêncio de uma docilidade pura. Favo intocado.
Algo do qual não se pretende distanciar.
Silêncio ansiado.

Você com este desejo estúpido de cuspir. Cuspa, pois.
Cuspa com toda força de sua espécie. Regurgite.
Não ame, se não sabe. Deixe para os que entendem.
Nenhum poder fará com que distinga o amor do ódio.
E logo pensará estar amando.
Outros seres não menos soturnos surgirão ao seu redor.
Como você, apreenderão o mesmo.
Porque a animalidade humana não se restringe à teoria.
Está viva e solta grunhidos.

E grito. 
Grito em segunda pessoa, porque falar em primeira me dói demais.

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