Escrevo para não vomitar. Deleito
a tinta fresca sobre este papel nu de cores para não pular da sacada da qual
Ana C. voou. Escrevo ainda mais para não pensar. Desenho letras para mostrar a
mim que vivo. Entretanto, pairo agora sobre um ponto de negra tinta da caneta
vagabunda que mais gosto de usar. O que me atrai não tem luxo. O artífice da
vida me causa náuseas. Não quero dar ordem ao caos com minha escrita. Não há
ordem. Eu posso devanear sobre qualquer matéria sólida que surgir, mas não.
Estou morto dos desejos de ser criador. Eu me quero criatura. Portanto, este papel
ordinário não passará de uma bola amassada no cesto em segundos, embora me
convide a discursar sobre ele. Quer ser possuído. Mas não lhe satisfarei o
desejo. Não mais viverei com a retina deslocada da realidade. Preciso ver. Por
isso, calo.
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