É um homem grande, no sentido literal da palavra. Com aparência
agradável. Alto, forte, longos cabelos grisalhos revolução hippie, meia idade,
possivelmente mais que meia idade. Homem das palavras. Sem palavras. Sem nome. Simpático, cumprimenta com leve meneio de cabeça os
funcionários que cruzam o espaço que ocupa. Toma o mesmo lugar a uma mesa na
biblioteca todos os dias. Com grossos livros e jornais, inicia seu dia lendo os
últimos. Leituras muitas. Política, economia, notícias de tragédias comuns. Lê. Depois, como
uma espécie de tradição, debruça-se sobre os livros que lhe servem de apoio, e
fica nesta posição por tempo indeterminado. Talvez esteja deglutindo as
informações todas que leu. Ou estaria ele, de uma forma telepática, inserindo o
conteúdo dos livros em seu cérebro? Poderiam as palavras dos grossos livros se teletransportar para ele? Quando acordar, perguntarei o que ocorre
quando se deita sobre a pilha de letras e palavras e frases e parágrafos e
conhecimento. Dependendo de sua resposta, seguirei seu exemplo. Dormirei sobre
os livros. Quiçá possa assim sair da exiguidade intelectual dos pequenos cérebros, com menos
desespero.
Amém!
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