Hoje ele está sentado à porta da
biblioteca. Pose de Drummond no banco em Copacabana. Entretanto não tem o mar às costas. Tem quimeras. Está todo dia por aqui.
Conversa com centenas de seres invisíveis, e quando se dirige a mim,
pergunto-me se também estou. Fala descompassadamente e, em geral, não entendo
nada. Uma voz forte de quem já discursou deveras. Outros caminhantes passam a seu lado. Ninguém o vê. Não recebe respostas,
sequer olhares. Ares de intelectual maltrapilho, carrega sempre uma bolsa com a
escrita orgulhosa: Doutorado. Mas hoje não. Apareceu com dois livros nas mãos
apenas. Sem bolsa. Nada de relevância. Conversando e fumando, como de hábito, traz um olhar perdido
de quem já viveu demais, conheceu demais e que ainda assim não obtém respostas
de nada. Certamente está cercado de armadilhas da própria mente. Dom Quixote
pós-moderno.
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