sexta-feira, 27 de junho de 2014

CARTA A JUDAS

Ei, caro Judas...
Sabia que ainda o "malham" no sábado de aleluia?
Tem um monte de gente que o critica dois mil anos depois,
mas não perde a chance de ganhar 
um quinhão para se dar bem. 
Você tem que vir e explicar que o que fez, 
estava escrito que faria.
Como seria a história se não tivesse obedecido
a imposição do seu Pai?
Você foi pressionado, parece-me.
Poderia ter escolhido não fazer. 
Mas fez. Problema seu. Pagou.
As pessoas dos séculos que vieram não entenderam.
No séc. XXI ainda não compreendem bem isso.
Querem seguir seu exemplo, e o superam muito.
O ouro hoje é de quantidade imensurável.
Suas trinta moedinhas são nada, 
perto do vil metal a que se apegam seus seguidores. 
Hoje seriam seus chefes.
Você não entende nada de barganha e ganância, Judas.
Precisa vir aprender aqui. Em muitas igrejas.
Você não imagina o quanto se ganha 
em nome do homem que você "traiu".
Músicas, shows, bênçãos recebidas, souvenires...
Precisa lembrar-lhes de que você beijou porque amava,
devolveu as moedas, arrependeu-se (tarde demais)
e cometeu suicídio pela vergonha do que fez.
Hoje, nestes casos, não o cometem.
Se o fizessem, seria porque perderam o metal,
e o vazio do bolso lhes sufocou o pescoço.
Mas não. Não cometem suicídio.
Não têm por que. Prosperam muito.
Tudo em nome Daquele que você trocou
por trinta malditas moedas de prata.
Sinto muito, Judas. 
Você não beira aos pés dos novos mercadores de Jesus.
Se visse, iria suicidar-se de novo.


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