quarta-feira, 25 de junho de 2014

DESTERRITORIALIZAÇÃO NOSSA DE CADA DIA

Para Terron, ser matogrossense tornou-se um estigma.
Vi o depoimento dele em uma entrevista que concedeu.
Mácula que terá que carregar eternamente porque nasceu no MT.
Seu pai tinha uma função que o obrigava a viajar fequentemente.
Joca nasceu no Mato Grosso por acaso.
Carrega na carteira de identidade essa naturalidade.
Triste não sentir amor pelo local de seu nascimento.
Eu deveria odiá-lo por isso. Amo o MT.
Mas não o odeio. Pior. Entendo. E gosto demais dele.
Joca Reiners Terron foi vítima da desterritorialização.
Como eu. Como tantos.
Não me reconheço no estado em que nasci também.
Não tenho quase nada de lá. Sequer boas lembranças.
Sou de onde me fiz. De territórios vários.
Das viagens que me proporcionei.
E do lugar que escolhi para viver: MT.
Somos, na verdade, um pedaço de cada terra que pisamos.
Não há um só território. Um só canto de nosso.
Feitos de pequenos fragmentos de terras
Caminhamos sem ter sob os pés um sítio que nos dê identidade fixa.
Pareço não ter pisado o estado no qual nasci.
Terron também.
A diferença é que hoje para ele, SP é o seu lugar.
Para mim, o MT.
Até que surjam outras paragens...





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