Bateu palmas no portão.
Pediu comida.
Ganhou. Comeu.
Com a fome saciada, não podia ir embora
sem antes fazer o agradecimento.
A dona da casa havia entrado
para buscar o lixo para pôr na rua.
Portão encostado.
Ele entrou, viu que na sala tinha uma bisavó idosa cadeirante.
Pegou a bicicleta do bisneto, e saiu como quem recebia um pagamento.
Malditos valores invertidos esses.
Não era ele quem precisava de pagamento.
A mão que lhe estendeu o prato de comida merecia.
Em troca do ato de caridade, ganhou a decepção.
Foi roubada no que há de mais difícil de conquistar no ser humano.
Violentamente furtada em sua confiança na humanidade.
A mão que estendeu o prato foi repreendida pela família.
Está proibida de atos de caridade na porta de casa.
Falei com ela sobre isso.
"Não desisto!" - disse-me com convicção.
"Este é só um. Ninguém me fará perder a esperança."
Você é a minha última, tia Léia.
Minha última esperança de quem não desiste do ser humano.
Porque está próxima a mim e conheço sua bondade.
Sua benevolência continuará a se estender para tantos outros pelas ruas.
Enquanto não roubarem suas mãos, ninguém a deterá.
Mãos de fada. Você é minha última esperança!
Infelizmente baseado em fatos em 16.06.14
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