quarta-feira, 11 de junho de 2014

MAL-ESTAR

Segunda-feira fui acometida de uma espécie de vazio indescritível.
Uma lacuna por dentro que não se deu em relação a nada interior.
Deveu-se a um fator externo fundamental: minha aula, ou a falta dela.
Ou seja, meu egocentrismo tornou-me cega às reivindicações alheias, eu sei.
Respeito as greves, as manifestações todas que ocorrem nesse momento político delicado no país. A copa? Nunca fui a favor. Na época do sorteio dos países candidatos, ninguém foi às ruas. Nem eu, embora soubesse que não seria boa coisa. Saúde, educação, segurança, igualdade? Em que época da história fora do meu conhecimento ocorreu com eficácia de fato no país?
Eu mesma sempre fui grevista e apoiei inúmeros movimentos.
O problema é que isso parece ter virado uma espécie de modismo.
Manifestar-se contra tudo e nada ao mesmo tempo. Dá-nos a impressão de que o que importa é ir às ruas. Mostrar-se. Postar no face. Aparecer na mídia. Os anos 60 deixaram um legado de luta aos brasileiros, esses que suportaram calados todas as privatizações ocorridas nos anos 90. Ninguém se manifestou. Era como se estivéssemos dopados e amedrontados ainda pelas tantas dores oriundas da ditadura. A democracia devolveu o direito da manifestação aos cidadãos. Contudo, a esquerda brasileira foi vítima da própria ideologia. Parece que as rédeas estão soltas e não se enxerga mais um ponto de parada seguro. Todos os dias, todas as horas, o que se ouve?  PARALISAÇÃO, MANIFESTAÇÃO, REIVINDICAÇÃO, GREVE. Bom que se faça, mas com algumas ressalvas. Tem que ser legal.
Dia desses, li no face de uma amiga norteamericana que está em SP estudando:

"Two words in Portuguese that are important to know if you live in São Paulo: "greve" (strike) and "garoa" (drizzle). Despite those things, I do love this city!!!". 

Victoria não conhecia greve. Eu sim. Por que isso tem me assustado tanto agora? Por que tenho a impressão de que algo muito ruim ronda nosso país? Onde irá parar toda essa revolta, quebradeira e vandalismo que se instala nesse meio, de forma a denegrir a imagem de quem luta realmente por um ideal? Mas que ideal? Corruptos tivemos desde que os portugueses aqui aportaram. Tirando das contas os revolucionários que lutaram contra a ditadura, 514 anos depois o cidadão brasileiro finalmente acordou? Parecemos todos a Bela Adormecida que depois de acordarmos após tanto tempo de sono, desejamos um príncipe que nos faça felizes para sempre. E o Brasil está longe de trazer um príncipe perfeito que instale a felicidade no país tropical. Tantos anos de colonialismo, só poderia ter um final de conto de fadas muito ruim...





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